Um pouquinho de Rita Apoena.
Eu adoro o jeito simples e honesto de escrever desta poetisa - Rita Apoena. Ela brinca com as palavras de uma maneira leve e gostosa - eu viajo para um lugar gostoso e mais colorido quando leio.
Fica aqui um pouquinho da magia e cor dessa menina poeta - tempero bom para a tarde de quarta-feira - que corre e escorre devagar.
Beijinhos
Kasa da Lu
Fica aqui um pouquinho da magia e cor dessa menina poeta - tempero bom para a tarde de quarta-feira - que corre e escorre devagar.
Beijinhos
Kasa da Lu
Sobre o arrepio
O arrepio é quando,
por serem tão leves,
seus dedos conseguem,
em cada um dos meus poros:
soerguer uma flor.
Rita Apoena
Sobre as estrelas
Deitada na grama, o céu empoeirado de estrelas. Passei o dedo e - curioso -
algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela
caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança.
Rita Apoena
Sugestões para presente:
Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um
sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um coração encostado no outro. Um
ou dois para sempre. Um avião nas mãos de um menino. Um barquinho de papel.
Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um mingauzinho de
aveia. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra
inventada.
Rita Apoena
Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse
aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele,
querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de
abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para
dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a
metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a
de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote.
Rita Apoena
Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não
saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a
menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os
poetas o fazem.
Rita Apoena
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